Na última sexta-feira (07/02), foram divulgados os principais dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos referentes a janeiro, incluindo a criação de empregos formais não agrícolas (establishment survey) e a taxa de desemprego (household survey). Os resultados indicaram uma forte alta dos salários por hora trabalhada e uma queda na taxa de desemprego, mesmo com o aumento da taxa de participação. No entanto, a criação de empregos formais ficou ligeiramente abaixo do consenso de mercado.
Entretanto, a interpretação desses dados exige cautela adicional, não apenas devido à presença de choques exógenos na economia (como o incêndio na Califórnia), mas principalmente pelas revisões anuais das pesquisas, que ajustam estimativas populacionais e fatores sazonais. Vale destacar que as duas pesquisas são impactadas de forma distinta: a establishment survey passa por ajustes na série histórica, enquanto a household survey concentra as revisões nos dados de janeiro.
Como mostrado no gráfico abaixo, a média mensal de criação líquida de empregos formais ao longo de 2024 foi revisada para baixo, de 186 mil para 166 mil, embora os dados sugiram sinais adicionais de reaceleração a partir do quarto trimestre do ano passado. Já a população ocupada (utilizada no cálculo da taxa de desemprego) foi revisada para cima em mais de dois milhões de pessoas — um aumento superado apenas em 2020, durante a pandemia —, como destacado no gráfico.
Apesar dos ruídos gerados pelas revisões, os números do mercado de trabalho dos EUA seguem compatíveis com uma economia aquecida, o que, por sua vez, tem contribuído para a manutenção da taxa de juros em patamares acima das estimativas de taxa neutra por mais tempo.
View of the Week é uma série semanal da Turim que, a partir de um gráfico, apresenta análises e reflexões sobre diversos tópicos relacionados ao mercado, economia, história e tendências.