“A inflação aleija, mas o câmbio mata”
A célebre frase do ex-ministro da Fazenda (1974 – 1979) Mario Henrique Simonsen permanece atual e reflete bem os desafios impostos ao Banco Central do Brasil em 2024. Após começar o ano com perspectivas favoráveis – impulsionadas pela robustez das contas externas e pelo elevado diferencial de juros em relação a outras economias – o Real, frente ao Dólar Americano, vinha sendo negociado abaixo de R$ 5,00. No entanto, na semana passada, a moeda brasileira renovou máximas, ultrapassando R$6,30 durante o pregão, mesmo após as intervenções realizadas pela autoridade monetária para tentar conter a depreciação cambial.
Nota-se que a performance negativa do Real ocorre em uma conjuntura externa adversa, marcada pela valorização do Dólar Americano a nível global, especialmente frente às moedas de economias emergentes. Contudo, o Real apresentou um desempenho claramente inferior ao de seus pares, como evidencia o gráfico desta semana, que compara sua performance em 2024 com a de uma cesta de moedas semelhantes – notadamente economias emergentes e/ou altamente sensíveis a preços de commodities.
É possível observar que a discrepância entre as cotações do Real e das outras moedas se acentuou a partir do segundo trimestre, com destaque para movimentos mais abruptos em algumas janelas – como em maio, após a decisão dividida do COPOM, e em novembro, após o anúncio do pacote fiscal e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. Embora o Real tenha recuperado parte das perdas ao final da semana, a desvalorização relativa em relação às demais moedas permanece significativa.